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Cientistas se preocupam com a ética da vida eterna e o acúmulo infinito de riquezas

Um dos grandes benefícios trazidos pela ciência é o aperfeiçoamento trazido à medicina e, conseqüentemente, à saúde do ser humano. Ao longo dos séculos, nossa expectativa de vida só aumentou, com maior longevidade, mas também uma melhor qualidade de vida enquanto estamos vivos. Ainda temos, porém, um prazo de validade – que está na mira, principalmente, dos bilionários do mundo.

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O problema é que viver para sempre é muito diferente de viver mais, e traz consigo inúmeros problemas sociais e, principalmente, financeiros. Num cenário de vida eterna, os indivíduos mais ricos do planeta continuariam enchendo os bolsos e acabariam acumulando não só as riquezas globais, mas também o poder por elas garantido. Não à toa, vários bilionários estão desembolsando grandes quantias em pesquisas na área.

A Ética da Vida Eterna

É claro que a solução para a vida eterna provavelmente não chegará em um futuro próximo, mas os problemas potenciais que ela traz já são teorizados, como a questão de acumular dinheiro e poder para sempre. Um dos cientistas preocupados com isso é o bioeticista Christopher Wareham, da Universidade de Utrecht, que estuda especificamente a ética do envelhecimento.

De acordo com Wareham, uma extensão tão grande da vida tem o potencial de aumentar significativamente as desigualdades que enfrentamos hoje. Já podemos perceber, hoje em dia, que quanto mais longa a vida, mais poder aquisitivo ela acumula e, com isso, mais influência política. As mudanças no sistema dependem do tempo: velhos líderes caem e sistemas de crenças morrem, trazendo novas pessoas com novas ideias. Em um mundo sem morte, ditadores e autocratas – e seus patronos – permaneceriam no poder indefinidamente.

Ao olhar para a história da humanidade, vemos que a divisão do poder político e econômico raramente é algo que passa pela cabeça dos poderosos, principalmente quando falamos de monarquias absolutas. Soma-se a isso a questão do monopólio da tecnologia, pois não é difícil imaginar que o eventual detentor da “patente da imortalidade” não a deixaria disponível para ninguém.

Promessas e seus problemas

Algumas empresas que trabalham com essas tecnologias já têm esse problema em vista, caso você esteja preocupado. A Fundação Hevolution, por exemplo, que trabalha com longevidade, não tem fins lucrativos e já afirmou que só financia produtos que possam ser democratizados. Altos Labs, fundado pelo bilionário Jeff Bezos, tem programas de rejuvenescimento celular com o objetivo de reverter doenças e lesões, e também relatou o compromisso de ajudar o maior número possível de pessoas.

É claro que, até o momento, não vimos tantos avanços em direção à imortalidade ou mesmo um aumento de, digamos, 30 anos na vida útil de todos os humanos, então quaisquer promessas feitas agora podem não resistir ao teste do tempo. É possível que um grande avanço se torne uma mina de ouro tão grande que o dinheiro e o poder trazidos por ela tornem mais fácil quebrar uma promessa. Essa preocupação, no entanto, é para o futuro – que provavelmente não estaremos aqui para ver.

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