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Antidepressivos ligados a superbactérias, segundo estudo

A resistência a medicamentos, especialmente antibióticos, está entre as principais causas de morte em todo o mundo. Com a pandemia de covid-19, a situação se agravou ainda mais, com medicamentos sendo prescritos sem necessidade. Agora, cientistas australianos revelam que outras classes de medicamentos, como os antidepressivos, podem ter sua parcela de culpa no surgimento das superbactérias. Mas essas descobertas são muito preliminares.

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Publicado na revista científica PNAS, o estudo examinou os efeitos de 6 antidepressivos – incluindo fluoxetina e sertralina – e 13 antibióticos na bactéria Escherichia coli. A ideia era entender como essa exposição refletia sobre a resistência das novas linhagens.

No experimento, “após alguns dias de exposição [a um antidepressivo] as bactérias desenvolvem resistência aos medicamentos, não apenas contra um, mas vários antibióticos”, diz o pesquisador Jianhua Guo, da Universidade de Queensland, na Austrália, em nota.

No entanto, apenas o impacto do uso de antidepressivos sobre bactérias em laboratório (in vitro) foi investigado. Na vida real, os resultados podem ser diferentes, pois outros fatores devem ser considerados.

Associação de antibióticos com superbactérias ainda é preliminar

O que sabemos é que a exposição ao antidepressivo, in vitro, fez com que a bactéria se tornasse mais resistente e apresentasse novas mutações ao longo dos dias. Nos experimentos, foram utilizadas as bactérias E. coli, que normalmente podem ser encontradas no trato gastrointestinal dos indivíduos.

Mas o experimento não simulou o mesmo ambiente natural — nessas circunstâncias, hoje, não sabemos o que acontece. Por exemplo, é preciso verificar se as mesmas concentrações de antidepressivo chegam ao intestino e, de fato, impactam a bactéria.

Por esse e outros motivos, os cientistas não aconselham ninguém a parar de usar antibióticos. “Se você tem depressão, ela precisa ser tratada da melhor maneira possível. Depois, em segundo lugar, as bactérias”, reforça Lisa Maier, outra autora do estudo.

Buscando entender como as bactérias reagem aos antidepressivos em organismos vivos, os pesquisadores realizaram os primeiros testes em modelos animais. A ideia é entender como a classe de medicamentos afeta o microbioma intestinal de camundongos.

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