As misteriosas Bolhas de Fermi, gigantescas estruturas simétricas que se estendem acima e abaixo do plano da Via Láctea, podem ser o resultado da interação entre fortes ventos e gás do espaço interestelar. A conclusão é do físico Yutaka Fujita, da Tokyo Metropolitan University, que fez simulações para tentar explicar a formação das bolhas.
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Usando dados do telescópio Fermi, os astrônomos descobriram que essas bolhas se estendiam por aproximadamente 25.000 anos-luz de cada lado do centro da Via Láctea. Além disso, eles viram que eram extremamente brilhantes em raios gama, a luz cujos comprimentos de onda são os mais energéticos do espectro eletromagnético.
Já em 2020, o telescópio eROSITA identificou bolhas ainda maiores de cada lado do plano galáctico — com a diferença de que emitem raios-X, menos energéticos que os raios gama, e que atingem mais de 45 mil anos-luz de comprimento. Assim, por meio de simulações, Fujita chegou a uma possível explicação para a origem de ambas as estruturas.
Para o estudo, ele investigou as bolhas de Fermi com dados do satélite Suzaku, que observou as estruturas associadas a elas em raios-X. Em seguida, ele fez simulações matemáticas associadas às bolhas para tentar reproduzi-las com base nos processos de alimentação de Sagitário A*, o buraco negro supermassivo da Via Láctea.
Embora quieto no momento, “nosso” buraco negro contém indícios de atividades passadas quando alimentava seu passado – entre eles estão as bolhas de Fermi. Ao estudá-los, os pesquisadores podem entender quando e como essa atividade ocorreu. No final, ele descobriu que o provável cenário de formação envolve um vento de 1.000 km/s, vindo de um evento de alimentação de um buraco negro.
Esse poderoso vento encontra o gás que preenche o meio interestelar, produzindo uma onda de choque que se espalha e forma as bolhas. Em seguida, as ondas de choque reversas aquecem o material dentro delas, fazendo com que brilhem. Por fim, os resultados sugerem que o vento lento e constante vindo do centro da galáxia é provavelmente a explicação para a origem das estruturas – e que Sagitário A* é o único “culpado” possível pela força do vento.
O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.